quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Fracasso do Navio

Se você passasse pela costa britânica em 1845, teria visto dois navios tripulados por 138 dos melhores marinheiros ingleses rumando para o Ártico. A tarefa? Cartografar a passagem do Noroeste pelo Ártico canadense até o Oceano Pacífico.

O capitão, Sir John Franklin, esperava que o feito provocasse uma reviravolta na exploração do Ártico. A história mostra que sim. Não por causa do seu sucesso, mas por causa do fracasso. Os navios nunca voltaram. Todos os tripulantes pereceram. E os que depois seguiram as rotas daquela expedição aprenderam a lição: prepare-se para a viagem.

Aparentemente, Franklin não se preparou. Embora a viagem tivesse sido planejada para durar dois ou três anos, o carvão que levava para alimentar o sistema auxiliar de máquinas a vapor era suficiente para doze dias apenas. Mas o que lhe faltava em combustível, sobrava em lazer. Cada navio carregava uma biblioteca de 1200 volumes, um órgão portátil, jogos de porcelana chinesa para os oficiais e a tripulação, taças de cristal lapidado e talheres de prata de lei.

A tripulação estava mais planejando um cruzeiro do que uma expedição! Os marinheiros não levaram nenhuma roupa especial que os protegesse do frio. Só os uniformes da marinha britânica. Nobres e imponentes, mas finos e inadequados.

O inevitável aconteceu. Os dois navios estavam despreparados para navegar em águas gélidas. O
gelo cobriu o convés. O mar congelou-se ao redor do leme e prendeu o navio.

Nos cinco anos seguintes, restos da expedição foram encontrados por todo mar congelado.
Franklin morreu no barco. Equipes de busca por fim encontraram um pedaço do tabuleiro de gamão que Franklin ganhara de sua esposa como presente de despedida.

É estranho que ainda façamos o mesmo. Às vezes, agimos como se a vida cristã fosse um cruzeiro de aposentados. Temos pouco combustível, mas muita diversão. Estamos mais preocupados em parecer elegantes que estar preparados. Damos pouca importância ao destino, mas cuidamos para ter muita prata a nossa volta. Pense nisso!